QUANDO PAPEL VELHO VALE MUITA COISA
Quem primeiro divulgou foi o jornalista Juca Kfouri, na sua coluna do jornal “Folha de São Paulo”. Depois a TV GLOBO divulgou no Esporte Espetacular do último domingo, da forma mais capenga que se pode imaginar.
Em todo caso é uma extremamente interessante para quem é interessado e apaixonado pela história de maneira geral.
Cesar Oliveira é um editor de livros sobre futebol e comanda um site interessante sobre o nobre esporte bretão (www.livrosdefutebol.com), consta que o mesmo herdou a biblioteca de Milton Pedrosa, o organizador da pioneira coletânea “Gol de Letra- Futebol na literatura brasileira” Lançado em 1968, este raro livro é uma primorosa seleção das melhores crônicas do futebol brasileiro, escritas por gênios como Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues, Sergio Porto, Fernando Sabino, Mario Filho, Carlos Heitor Cony, Armando Nogueira, Carlos Drummond de Andrade, Aparício Torelli (Barão de Itararé), Coelho Netto, Graciliano Ramos, Henrique Pongetti, José Carlos de Oliveira, José Lins do Rego, Mario de Andrade, Max Valentim, Oswald de Andrade, Paulo Rónai, Thomas Mazzoni, e outros.
Pareciam apenas papéis velhos, esquecidos, aparentemente sem valor. No meio do calhamaço, melhor, verdadeiro catatau de papéis velhos, o editor Oliveira encontrou uma pasta rosa, onde haviam 135 páginas datilografadas com o texto original e autobiográfico escrito por Arthur Friedenreich, o primeiro grande craque das massas alucinadas pelo futebol no Brasil.

E não era só. No meio do material de Milton Pedrosa estavam cem fotos Arthur Friedenreich, todas inéditas, algumas com mais de cem anos, todas em perfeito estado de conservação. Tudo devidamente autorizado para publicação, com a da viúva do craque, Dona Joana Friedenreich.
Quem foi Arthur Friedenreich?
Ele foi tão somente a primeira grande lenda do futebol brasileiro.
Simples assim?
Certamente.
Arthur Friedenreich, ou El Tigre, ou Fried, como era conhecido, viveu entre 1852 e 1969, era filho de um imigrante alemão, alto, daqueles branquelos, com olho verde, com uma moreníssima brasileira, que trabalhava como empregada doméstica e era uma mulher conhecida por ser reservada.
Um dado interessante é que o craque manteve uma positiva relação com Charles Willian Miller, o inglês que trouxe o futebol ao Brasil foi um de seus mentores.

Segundo os textos escritos pelo próprio jogador “Fui aperfeiçoando meus recursos olhando Charles Miller, chutando a redonda sob seu olhar, que foi assim como o meu professor primário no futebol. Mas coube a Hermann Friese, que fora campeão no futebol alemão, me ensinar o secundário e o superior. Com ele, comecei a subir a ladeira e cheguei à efetivação no nível mais alto do futebol.
Herman Friese foi, junto com Miller, um dos pioneiros da criação do futebol brasileiro. Havia nascido em Hamburgo, Alemanha e falecido em São Paulo, teria sido o primeiro estrangeiro a jogar no Brasil foi juiz de futebol e técnico, sendo o primeiro treinador oficial de Friedenreich.

Friedenreich foi também o primeiro grande nome da Seleção Brasileira. Em 1919, no Campeonato Sul-Americano, a atual Copa América, que foi disputada nas Laranjeiras, no estádio do Fluminense, para um público de 35.000 pessoas, quando o futebol era muito mais violento que hoje, e não havia o temido cartão vermelho.

O craque marcou o gol que valeu o primeiro título importante de nosso futebol, contra o Uruguai. Nascia ali a idolatria em torno do nome dele. Ele foi carregado pelas ruas do Rio de Janeiro e suas chuteiras ficaram expostas numa joalheria na Rua do Ouvidor, a principal do comercio carioca no início do século. Foi a primeira manifestação da massa em torno de um jogador de futebol.

O editor César Oliveira comentou sobre este jogo que “Segundo os cronistas da época, o Uruguai batia muito no time do Brasil. Houve duas prorrogações, e as seleções jogaram 150 minutos. Friedenreich, mesmo sem dois dentes na boca, porque um uruguaio tinha acertado ele, conseguiu marcar o gol do título”.
Tesouro
Segundo César de Oliveira “Herdei da família do jornalista Milton Pedrosa, de cujos filhos sou amigo, o acervo da Editora Gol”, uma editora criada exclusivamente para lançar títulos exclusivamente sobre o futebol, mas que faliu e daí se explique o porque de Milton Pedrosa não ter lançado este tesouro.

Depois de 41 anos perdidas no acervo da família do autor de “Gol de Letra- Futebol na literatura brasileira”, esses documentos são parte da memória do futebol brasileiro. César de Oliveira considera que estes documentos precisam e devem ser cuidadas por entidades dedicadas à preservação de iconografia histórica. Com profissionais gabaritados que cuidem delas, limpem, restaurem, preservem, arquivem, indexem e abram para consulta pública”, diz, se colocando-se aberto a negociações: “Quero ter certeza de que serão bem tratadas.”
O editor disse não acreditar que a biografia tenha sido escrita por Friedenreich, mas por um dos primeiros repórteres envolvidos com o futebol, que assinava com o pseudônimo de Paulo Várzea. “O livro tem característica de um jornalista com textos bom de ler sobre fatos do cotidiano”, afirma, confidenciando que Friedenreich é apresentado como uma criança que não gostava de ir à aula e preferia jogar bola.
Uma lenda que foi desmitificada pelo texto encontrado, dizia que Friedenreich teria feito mais de 1.300 gols em sua carreira, numa época que não havia uma divisão clara entre profissionais e amadores. Na verdade, ele marcara “apenas” 550 tentos de forma oficial. Mas, considerando os números de jogos, Arthur Friedenreich alcançou uma média de gols por partida melhor que a do próprio Pelé.
Este verdadeiro tesouro arqueológico deve se transformar em um interessante livro em pouco tempo. Mesmo sendo adorado pelo público da sua época, existem poucos registros de sua trajetória esportiva ou pessoal de Arthur Friedenreich. Por esta razão o achado do editor carioca César Oliveira se torna ainda mais raro e especial. O editor está em busca de patrocinadores para lançar o livro em 2012, quando se comemoram os 120 anos de nascimento do jogador e pretende resguardar os originais.
Fontes
http://blogdojuca.uol.com.br/2011/07/preciosidade/
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este foi o primeiro craque do brasil e do mundo fez mais gols que pelé mais o futebol era ainda amador
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Friedenreich foi simplesmente o Primeiro astro e o Primeiro é o que marca, com a inteligencia européia e a velocidade africana, pelo o que leo sobre ele pra mim foi o melhor.
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