MOEDAS BRASIL

O estalão monetário vigorante no Brasil dos tempos da descoberta não foi a moeda metálica, nem a moeda de papel, ou muito menos a moeda escritural, integrantes do sistema monetário. Através de frei Vicente do Salvador tomamos conhecimento que a moeda vigente naqueles primeiros tempos eram conchas univalves denominadas zimbo, ou “buziozinhos mui miúdos”..

Conjunto de Cypraea moneta, um gastropode marinho utilizado como moeda – Fonte – https://www.schnecken-und-muscheln.de/Gastropod-shells/Cypraeidae/Cypraea-moneta-2-5-cm::5571.html?language=en

Disse o frei Vicente – “Porém sem isto tem outras coisas, pelas quais essa terra merecia ser bem povoada; porque no rio Grande, onde parte com a capitania dos Ilhéus, tem muito pau-brasil, e no rio das Caravelas muito zimbo, dinheiro de Angola, que são uns buziozinhos mui miúdos de que levam pipas cheias, e trazem por elas navios de negros”.

Juntamente com os tais buziozinhos, outro bem de troca que constituiu o estalão monetário dessa fase inicial de nossa História foi o pau-brasil, a árvore vermelha dos nossos índios, a ibirapitanga, sustentáculo estrutural do nosso primeiro ciclo econômico.

Somente com o início da colonização, mais precisamente após 1532, quando o território português da América do Sul foi redistribuído geograficamente em capitanias, é que o estalão monetário deixou de ser constituído de produtos nativos para ser substituído definitivamente pelas moedas metálicas então em circulação em Portugal, Espanha e em menor escala na Holanda e França.

Moeda de Teston s, de 1555, onde mostra o rei Henri II Poitiers. Talvez moedas como essa circularam na França Antartica – Fonte – https://www.ma-shops.fr/lecoincollection/item.php?id=1507

O Rio de Janeiro, pelo asamento a que foi submetido muito antes de se incorporar totalmente a Coroa Portuguesa – o Rio da França Antártica – privou mais intimamente com a moeda sa, que aqui circulou livremente “aceita no seio de uma comunidade de pagamento”, sendo mais popular na época do que as moedas que circulavam em Portugal. Com Estácio de Sá e a fundação da Cidade, ocorreu um paradeiro a esse asamento: as primeiras moedas portuguesas aqui chegadas escassamente, começariam a correr mais francamente no Rio de Janeiro.

O meio circulante era tímido e bastante complicado, refletindo a confusão reinante no Reino: moedas de vários tipos e nacionalidades, com predominância das de prata e mandadas cunhar por Felipe II.

E em meio a invasão dos holandeses ao nordeste do Brasil, que se iniciou em 1624 e durou 20 anos, esses invasores cunharam moedas de ouro obsidionais, as primeiras moedas a conter o nome Brasil. Foram confeccionadas em Recife, com a finalidade de aumentar o meio circulante entre as tropas e cidadãos holandeses e os favoráveis a ocupação, tendo ficado conhecidas como Ducado Brasileiro ou Florim do Brasil.

SÉCULO XVII E AS “COLONIAIS”

Com a nova situação política de Portugal, a ascensão de Dom João IV e a normalização da vida econômica daquele país, tratou a Coroa de uniformizar o meio circulante, mandando cunhar novas moedas e estabelecendo o seu trânsito nas terras do além-mar, com o que seria saneado o comércio das capitanias do Brasil.

A recomendação régia de 6 de junho de 1655 mandou retirar de circulação as moedas de prata cunhadas por Felipe II, “por se achar falida na quantidade dos pesos e até falsificada”. Mas isso trouxe sérias complicações para o Rio de Janeiro e o resto da colônia, que lutava com absoluta falta de moedas de baixo valor e teria de enfrentar ainda mais o problema da falsificação, que aqui se praticava livremente.

Reales Espanhois de 1680 – Fonte – https://en.numista.com/catalogue/pieces61937.html

Com a quebra do padrão monetário, estabelecida pela provisão de 6 de julho de 1663, o Brasil viu-se às voltas com uma nova crise, pois teriam de ser recunhadas várias moedas de vários valores. Essas novas moedas foram mais tarde acrescidas de moedas espanholas, provenientes do comércio com o Rio da Prata, os chamados “Reales”, reconhecidos por Carta Régia em 2 de dezembro de 1684, que aprovou o seu valor em quarenta réis.

Em 1688, a lei de 4 de agosto veio subverter o sistema monetário até então existente e utilizado no Brasil. As moedas recém-cunhadas, desconhecidas das capitanias do Brasil, tinham um ágio de 20%, enquanto as antigas eram desse modo desvalorizadas. Lá no Reino o dinheiro tinha um valor, mas na colônia a mesma moeda, por ser antiga, sofria um deságio…

Moeda portuguesa de prata de 1680 – Fonte – https://www.mnmnumis.com.br/peca.asp?ID=16098332

O comércio do Rio de Janeiro não se cansou de protestar contra o estabelecimento dessas duas moedas e energicamente a Câmara representou junto às autoridades da Metrópole. Era uma injustiça contra a colônia abandonada… Somente três anos mais tarde, pela Carta Régia de 22 de novembro de 1691, a situação de equidade seria restabelecida: lá e cá a moeda aria a ter o mesmo valor.

Em 8 de março de 1694 foi mandada abrir na Bahia a Casa da Moeda. Era uma ação em caráter provisório, para atualizar em dinheiro provincial que até então circulava na colônia. O primeiro cunhador foi José Berlinque, nomeado em 6 de maio do mesmo ano e logo substituído por Domingos Ferreira Zambuja, ourives natural da Bahia. As moedas ali cunhadas ariam a ser conhecidas pelo nome de coloniais e a casa também fabricou moedas de ouro proveniente das minerações.

Moedas de 320 réis, cunhada na Bahia em 1695 – Fonte – https://bahiacolecoes.wordpress.com/2009/07/26/casa-da-moeda-da-bahia/

Em 1699 a Casa da Moeda foi transferida para o Rio de Janeiro, ano em que foram cunhadas as primeiras moedas naquela cidade. Em 1700, houve nova transferência da Casa da Moeda, desta vez para o Recife, que voltaria a fabricar moedas metálicas 55 anos após a confecção das primeiras moedas brasileiras no período do Brasil Holandês. No ano de 1702 a Casa da Moeda foi transferida novamente (e em definitivo) para o Rio de Janeiro. Até os primeiros anos do século XVIII, as Casas da Moeda da Bahia e do Rio fabricaram as coloniais, as moedinhas locais de 1, 2 e 4 mil réis de ouro, as de prata de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis, enquanto a de Pernambuco se absteve do fabrico das moedas de 1 e 2 mil réis de ouro.

DA IMPORTÂNCIA DOS DOBRÕES

A Casa da Moeda no Rio de Janeiro produzia os mais variados tipos de moedas, de ouro, prata e as de cobre de 10 e 20 réis, lavradas em Portugal. Eram peças bem primitivas, trazendo algumas delas no anverso até legendas em latim, abreviadas, indicando o nome do governante e no reverso as divisas que se perpetuaram por muito tempo na moeda metálica do sistema monetário brasileiro: “In hoc signo vinces, Subquo signo nata stabit, Moderato Splendeat Usu, Aes usibus aptius auro e Pecunia totum cicumit orbem” (Neste signo você vencerá, Sob qual signo os nascidos ficarão, O uso moderado brilhará, O cobre mais adequado para uso do que o ouro, Do dinheiro cobrirá o mundo inteiro).

Moeda de dobrão de ouro de 20.000 réis, de 1725 – Fonte –https://collectprime.com/blog/20000-reis-o-dobrao-brasileiro/

Coincidindo com o ciclo do ouro — primeira metade do século XVIII — aparecem e circulam abundantemente no Rio de Janeiro os dobrões, vistosas e importantes moedas, cujo valor maior era de 20 mil réis, sendo a peça de maior peso que até hoje apareceu no Brasil e uma das mais pesadas feitas no mundo.

Juntamente com a série dos dobrões, Portugal cunhava e mandava para o Brasil grande quantidade de moedas de cobre, dos mais variados valores. Eram os dobrões reluzentes de 20 mil réis e as moedas de 6.400, 3.200, 1.600 e 800 réis de ouro, que traziam no anverso as efígies de Dona Maria I e Pedro III, e tantas outras de cobre, que faziam a felicidade do carioca do Rio colonial do tempo dos vice-reis.

O primeiro crime de moeda falsa praticado no Rio de Janeiro data de 1787, no tempo do vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza. Um presidiário inglês, em trânsito para a Austrália, de nome Tomás Barret, encontrou nova utilidade para as colheres de estanho pertencentes à copa do navio onde estava embarcado. Com muita habilidade as transformou em moedas portuguesas. Sua ‘Casa da Moeda” era ali mesmo, a bordo e sem maiores dificuldades pagou as primeiras compras — frutas, pão e algumas lembrancinhas da terra que lhe foram vendidas por um barqueiro, vítima do conto da moeda falsa. Foram cúmplices do falsário Barret alguns marujos ingleses e tripulantes dos navios que integravam uma esquadra britânica ancorada no Rio, sob as ordens de um certo Comandante Philipps.

DOM JOÃO VI E AS TRÊS PATACAS

O carioca, que já conhecia o dobrão, a dobra, a moeda, o escudo e o cruzado, cada qual valendo maior quantidade de réis, com o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara aria a lidar com uma nova moeda, a partir da circulação das três patacas, depois da nacionalização do meio circulante, pois até então os “Reales” ainda tinham o seu valor.

Luís Gonçalves dos Santos, o padre Perereca, uma espécie de chefe de propaganda do Príncipe Regente, assim informa em relação ao ano de 1809: “Havendo o Príncipe Regente Nosso Senhor observado que neste Estado do Brasil circulavam moedas de diferente valor, tanto de prata como de cobre, ao mesmo tempo que o pelo intrínseco era igual, mandou pelo alvará de 18 de abril, que as moedas de prata, e cobre tivessem o mesmo valor, sendo igual ao peso e tamanho, com outra do mesmo metal, que tivesse valor diferente: assim as de seiscentos réis ficassem valendo seiscentos e quarenta réis, as de trezentos réis, trezentos e vinte, e do mesmo modo as demais, pondo-se lhes na Casa da Moeda uma marca determinada para esse efeito“.

Moeda de 960 réis de 1809, o Patacão, do acervo do Museu de Valores do Banco Central do Brasil – Fonte -https://collectprime.com/blog/moedas-raras-de-960-reis-do-museu-de-valores-do-banco-central-do-brasil/

E ainda por alvará de 20 de novembro daquele mesmo ano, o Príncipe Regente ordenaria que se “cunhasse uma nova moeda de prata no valor de novecentos e sessenta réis, ou de três patacas, que é o mesmo peso espanhol, cunhado de novo com o cunho português”.

NO IMPÉRIO

As moedas em circulação no Rio imperial eram quase as mesmas de antigamente, pois somente no segundo reinado é que algumas modificações foram introduzidas no moedário nacional. As peças de ouro continuavam sendo de 4.000, 2.000 e 1.000. As de prata eram as conhecidas 3 patacas, além das de 2, 1 e 1/2 pataca. Já as de cobre formavam a série dos vinténs, de 4, 2, 1, 1/2 e 1/4 de vintém, equivalente a 50 réis.

Moeda 5.000 Réis, Brasil Império, 1859 – Fonte – https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2094868660-moeda-5000-reis-1859-3-tipo-imperio-copia-_JM#position%3D1%26search_layout%3Dgrid%26type%3Ditem%26tracking_id%3D3c62f189-54e1-4782-a7a1-ef06e3a47d14

Referindo-se às moedas escreveria Debret, “Num salão, em meio às confidências da boa sociedade, o dobrão multiplicado por 24 ou 30 revela a aquisição de algumas fantasias, como um cavalo, um belo negro, uma peça de musselina das índias bordada ou lamé, jóias etc. Quanto ao mil-réis, só ele é itido e multiplicado por cem na conversação dos ricos. Finalmente, a pataca que, multiplicada por doze, perde o seu nome e é substituída pela moeda de 4.000 e o modesto vintém que multiplicado por 16 se confunde com a pataca e são relegados para a linguagem universal dos negociantes de varejo e dos consumidores de todas as classes’’.

Era o saudoso tempo dos vinténs, onde se alugava por 19.600 réis um importante sobrado na Rua Direita (atual rua Primeiro de Março, Centro do Rio) e um outro na Rua do Ouvidor (Centro do Rio) por 33.800 réis. Mas logo tudo mudou e começou a circular uma nova série de moedas.

O Governo da República dos Estados Unidos do Brasil mandou cunhar na Casa da Moeda as primeiras moedas de ouro com as características republicanas. Eram de 20.000 e 10.000 réis, ostentando o busto da liberdade, constelação do Cruzeiro do Sul, o dístico “Ordem e Progresso” e a data 15 de Novembro de 1889. Foram cunhadas também as moedas de prata de 2.000, 1.000 e 500, e as de níquel de 200 réis, série que por muito tempo circulou, tornando-se tradicional nos primeiros anos da década de 1900. As moedas de cobre de 40 réis, que no anverso traziam escrito “A Economia Faz a Prosperidade”, e as de 20 réis, chegaram a ser cunhadas até 1912. Esta última, por trazer o dístico “Vintém Poupado, Vintém Ganho”, ou a ser apelidada “Vintém poupado”.

Até então só a figura da Liberdade, como seu barrete frígio, enfeitava as nossas moedas, mas em 1900, com as comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, Pedro Alvares Cabral ou a ocupar o lugar daquela ilustre dama… E um homem barbado, em pose de declamador, iniciou a mais longa das séries com efígie de varões ilustres. Sendo uns fotogênicos, outros monstruosos, uns valorizando e outros desvalorizando esteticamente a nossa moeda.

Moeda de 4.000 réis de prata de 1900 – Fonte – https://www.moedasdobrasil.com.br/moedas/descobrimento.asp

Essa moeda de 4.000 réis foi apelidada de Cabral, logo os brasileiros ariam a trazer nos bolsos as moedas com um verdadeiro álbum de varões ilustres.

Em 1922 são cunhadas para comemorar o Centenário da Independência do Brasil séries de moedas de com os bustos conjugados de Dom Pedro I e Epitácio Pessoa, moedas conhecidas como “Xifópagos” ou “Duas Caras”. Depois vieram peças como busto de Dom João III, Martim Afonso de Sousa e João Ramalho. Até o índio Tibiriçá teve a sua moedinha de 100 réis. Caxias abre uma coleção com uma moedinha de 2.000 réis. O Padre Anchieta timidamente aparece nas de 1.000 e o Regente Feijó se contenta com as pratinhas de 500 réis. Já Santos Dumont obteve cotação mais alta, com uma moeda de 5.000 réis em prata e Osvaldo Cruz se contentou com uma moedinha de níquel de 400 réis. Carlos Gomes, com toda a sua lira, não ou dos 300 réis, enquanto Mauá, que foi banqueiro, ficou com 200 réis. Já o Almirante Tamandaré imprensou-se no desvalorizadíssimo 100 réis, que na época nem mais pagava uma agem de bonde.

Moeda de 5.000 réis de 1936, lembrando Santos Dumont – Fonte – https://www.diniznumismatica.com/2016/08/5000-reis-santos-dumont-e-suas.html#google_vignette

O ditador Getúlio Vargas inicia uma nova fase, ocupando dos 400 aos 100 réis, moedas a que daria uma série de apelidos, com prevalência, todavia, do apelido carinhoso de “Getulinho”. E falando em presidentes, por ocasião do centenário de Floriano Peixoto foi criada uma moeda de 2.000 réis. Já o filósofo, poeta, crítico e jurista Tobias Barreto foi para a de 1.000 réis – metade de Floriano – e Machado de Assis, depois de tanta glória, ficou só nos 500 réis.

Texto adaptado a partir do escrito originalmente por Odorico Pires Pinto e publicado no Caderno JB do IV Centenário, quarta feira, 20 de janeiro de 1965, páginas 142 e 143.

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A GUERRA BRASÍLICA CONTRA OS HOLANDESES

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Frontispício de Nova Lusitania, historia da guerra Brasilica, 1675 – Detalhe – Fonte – https://humanidadesdigitais.files.wordpress.com/2011/09/screen-shot-2011-09-17-at-1-35-53.png

Um interessante texto produzido pela ECEME – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, sobre a guerra desenvolvida pelos lusos brasileiros contra a invasão holandesa ao Brasil. 

Antecedentes – A Europa e o Brasil nos séculos XVI E XVII.

As relações entre as grandes potências europeias no século XVI foram caracterizadas pela expansão comercial e marítima, sendo criados os primeiros impérios coloniais da Idade Moderna, abrindo um novo horizonte geográfico, político e econômico. Na sequência dessa expansão a Inglaterra, a França e posteriormente a Holanda entraram em disputas por produtos, rotas comerciais, portos, territórios (colônias) e mercados, gerando rivalidades que, não raro, resultaram em conflitos armados. Desse conjunto, Portugal era o reino mais frágil, embora fosse detentor de um vasto império colonial que se estendia pelas ilhas do Atlântico, costa ocidental e oriental africana, o Brasil e entrepostos na Ásia. O Brasil, colônia lusitana na América, se distinguia das colônias espanholas do continente americano como uma área de exploração agrícola (açúcar), diferentemente das hispânicas (ouro e prata). Para o estabelecimento do empreendimento açucareiro, notadamente no nordeste do Brasil, os portugueses se valeram do seu conhecimento a respeito de suas plantações de açúcar nas ilhas do Atlântico, como também da experiência dos comerciantes ligados aos investidores, notadamente holandeses no refino, comercialização e distribuição desse produto na Europa. Após a morte de D. Sebastião, rei de Portugal, na batalha de Alcácer-Quibir em 1578, o trono português ficou vago, assumindo a Coroa lusitana Felipe II estabelecendo União Ibérica de 1580 a 1640.

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A Batalha de Alcácer Quibir, D. Sebastião surge à direita, elevando a espada – Fonte – http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2015/08/04-de-agosto-de-1578-d-sebastiao-o.html

Portugal havia adotado até então uma política internacional prudente, cioso de suas deficiências e vulnerabilidades, evitando atritos nesse campo. A situação foi alterada com a União Ibérica, tendo Felipe II como monarca das coroas hispano-lusitana, herdando Portugal de imediato todos os inimigos dos Habsburgos, ou seja, França, Inglaterra e Holanda. Os Países Baixos, possessão espanhola, se destacavam como polo comercial de vulto no contesto europeu, bem como pela qualidade de suas manufaturas têxteis de grande reputação na Europa e centro de distribuição de produtos coloniais, notadamente portugueses com uma burguesia próspera e atuante. A atuação de Felipe II em relação a essas possessões, pondo fim a uma tolerância religiosa e infligindo um bloqueio às atividades dos batavos, diminuiu a autonomia destes o que foi seguido de forte repressão por parte do duque de Elba e reação por parte dos neerlandeses, escalando o conflito com a Espanha então União Ibérica. Os mercadores flamengos eram os principais compradores e distribuidores dos produtos de Portugal o que foi agravando as medidas adotadas ao comércio batavo com os portos espanhóis e também lusitanos. A fim de enfrentar com maior liberdade de ação às restrições impostas ao seu comércio pelos espanhóis, os batavos encontraram uma solução com a criação da Companhia das Índias Orientais (1602) e a Companhia das Índias Ocidentais (1621) após a Trégua dos Doze Anos inserida na Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), entre a Espanha e a Holanda.

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Bandeira da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ou WIC – Fonte – http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=48&t=81940&mobile=on

A Companhia das Índias Ocidentais (WIC) tinha o monopólio do tráfico de escravos, da navegação e do comércio por 24 anos, na América e na África negócios aos quais os holandeses estavam ligados há bastante tempo. No contexto dos séculos XVI e XVII ocorreram na Europa guerras e tratados que, influenciaram sobremaneira a relação entre os Estados na Idade Moderna e Contemporânea. A Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), o Tratado de Vestefália (1648) e a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contribuíram para transformar o cenário político, econômico e social europeu, bem como do mundo ocidental, tendo reflexos para as colônias europeias na América, Ásia e África. A Guerra Brasílica, levada a cabo pelos luso-brasileiros contra os holandeses, está inserida nesse contexto do mundo ocidental dos séculos XVI e XVII.

Por que o Brasil? Por que o Nordeste?

As motivações para as invasões e ocupação do nordeste brasileiro, na primeira metade do século XVII, tem ligação no que diz respeito à recuperação dos investimentos na empresa do açúcar e na busca do rompimento do bloqueio comercial imposto pelos espanhóis ao comércio neerlandês nos portos sob controle da União Ibérica. No caso, a América portuguesa, além de ser o polo produtor de açúcar se constituía no elo mais frágil na escala de prioridades de defesa de Madrid.

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Barco holandês.

Os núcleos populacionais lusitanos se concentravam ao longo do litoral brasileiro, ao alcance do poder naval batavo, diferentemente dos hispânicos, que se posicionavam nos altiplanos, de difícil o e ocupação. A costa brasileira também servia de excelente base de operações contra a navegação castelhana no Caribe e contra a navegação portuguesa vinda da costa da África (escravos) e do Oriente (especiarias), podendo ainda os holandeses se valer do estrangulamento do Atlântico favorecido pelo saliente nordestino, correntes marítimas e ventos predominantes.

A Invasão da Bahia (1624-1625).

A Bahia e Pernambuco foram assim desde o começo os alvos prioritários do ataque neerlandês ao Brasil. Em 1623 o Conselho dos Dezenove da direção da WIC, escolheu a Bahia para sua pilhagem e conquista. Valendo-se na oportunidade da descuidada defesa e de informações sobre a terra e as gentes adas, na maioria dos casos, por segmentos de Cristãos Novos colaboracionistas preocupados com a assunção de D. Marcos Teixeira ao bispado de Salvador, antigo visitador do Santo Ofício. A 9 de maio de 1624 a frota comandada pelo almirante Jacob Willekens, o seu vice-almirante Pieter Heyn e o governador da ocupação João Van Dorth se apresentaram frente a Salvador. O governador-geral, Diogo de Mendonça Furtado foi advertido do intento holandês, porém a demora da invasão desacreditou as providências.

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Ataque de Salvador, tela do pintor flamengo Andries van Eertvelt, cerca de 1624, acervo do National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Inglaterra. Retrata a batalha naval na Baía de Todos os Santos para a tomada da Cidade. O navio do holandês Piet Hein está embaixo, à direita. Fonte – http://www.historia-brasil.com/bahia/invasao-holandesa.htm

Na oportunidade as desavenças entre D. Marcos e o governador sobre as medidas de defesa eram grandes. Na sequência houve a tomada de Salvador com a prisão e remessa do governador preso para a Holanda, tendo a maior parte da população se refugiado no interior. A responsabilidade pela reação e assédio aos locais conquistados pelos holandeses recaiu sobre D. Marcos Teixeira. As primeiras táticas de emboscadas e guerrilhas foram levadas a efeito pela resistência baiana, ocasionando inclusive a morte de Van Dorth. Na oportunidade Madri e Lisboa envidaram esforços para a recuperação da capital da colônia, tendo em vista a importância das terras brasileiras para Portugal, enviando uma poderosa frota (Jornada dos Vassalos) para a restauração comandada por D. Fradique de Toledo Osório, importante personalidade do reino, forçando a rendição dos batavos em 1625.

A Invasão e Ocupação de Pernambuco (1630-1636).

A WIC preparou em 1629 uma poderosa expedição para a conquista do norte do Brasil, não sendo mais objetivo a pilhagem e sim o estabelecimento de uma colônia de rendimento. Aos diretores da WIC não interessavam mais a Bahia, fortificada e com permanente guarnição e sim Pernambuco, a donataria mais próspera da colônia lusitana não sendo também a capital do governo geral. Aliado a isso a situação militar da Espanha em relação ao conflito com os Países Baixos e no norte da Itália estava crítica, tendo em vista a falência da monarquia de Castela, não se esperando, notadamente por mar uma reação da União Ibérica. As notícias sobre o intento batavo já haviam chegado a Madri que, enviou Matias de Albuquerque, antigo capitão donatário e governador-geral interino, por ocasião da prisão de Mendonça Furtado em 1625.

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Olinda e ações navais holandesas

Matias de Albuquerque trabalhou no aprestamento da defesa, fazendo rodear o Recife de uma dupla linha de paliçadas, obstruindo o porto com embarcações afundadas e posicionando peças de artilharia ao longo da praia de Olinda, impedindo a entrada no porto do almirante Lonch, comandante da frota neerlandesa. A força holandesa bombardeou de fora os fortes do Recife, enquanto Waerdenburch desembarca ao norte de Olinda em Pau Amarelo, guiado na operação por um judeu que morara muito tempo em Pernambuco, vibrando um golpe na resistência portuguesa. Ao deslocarem-se para o sul as forças neerlandesas sofreram escaramuças ao longo da sua progressão e uma resistência maior no corte do rio Doce, que sendo superada atingiu as elevações de Olinda pelo norte, suplantando suas defesas, conquistando-a em seguida. Na sequência desses acontecimentos, Matias de Albuquerque, vendo-se incapaz de defender o Recife, incendeia a povoação, depósitos de açúcar e embarcações fundeadas no porto se internando para oeste.

O Ime Militar (1630-1632)

Poder naval e defesa local deveriam ser a estratégia utilizada pela União das Coroas Ibéricas, para fazer frente às ações dos holandeses, porém tendo em vista ao declínio do poder naval espanhol e aos recursos da economia e a opulência das sociedades coloniais o ônus da resistência recaiu sobre a colônia. A guerra de guerrilhas era a opção mais razoável, tanto mais que a preocupação dos donatários de Pernambuco em temer, que uma vitória sobre os holandeses por intermédio da ação do poder naval, tivesse como consequência ao fim do sistema de capitanias hereditárias. A conquista do nordeste pelos holandeses durou sete anos de guerra contínua, podendo-se distinguir duas fases de 1630 a 1632 e de 1632 a 1637. Na primeira fase, os holandeses seguiram uma estratégia que visava tomar as praças fortes do litoral, não rompendo o ime. No que toca aos luso-brasileiros, a escassez de recursos e as dificuldades enfrentadas pela monarquia espanhola reduziram o esforço militar a uma posição defensiva.

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Mapa de Recife na época dos holandeses

A Espanha não tinha, na oportunidade, condições de reeditar em Pernambuco, do ponto de vista do poder naval, a “Jornada dos Vassalos”, que possibilitou a retomada da Bahia em 1625. A única estratégia possível foi realização da “Guerra Lenta”, que com a perda do Recife e de Olinda, Matias de Albuquerque isolou os neerlandeses no litoral, impedindo-os de penetrarem na Várzea do Capibaribe, combinando forças convencionais concentradas no Arraial do Bom Jesus e contingentes “volantes”, que ocupavam a linha de estâncias sob a forma de meia-lua estendendo-se de Olinda ao Recife e nos espaços intermediários vagavam as companhias de guerrilha, que com emboscadas e assaltos repeliam as surtidas dos holandeses.

A Ruptura do Ime (1632-1634) e Ofensiva Final (1635-1636)

O ime dos dois primeiros anos foi rompido pelos holandeses a partir de 1632. Para tanto, eles dispunham da grande vantagem tática de sua superioridade naval, cuja variedade e mobilidade permitiam-lhes atacar os pontos mais distantes do litoral, dificultando a defesa em acorrer em tempo para fazer frente às ações batavas. As forças holandesas atuavam ao longo dos rios da zona da mata, saqueando e incendiando os engenhos de açúcar e amedrontando a população local, a fim de retirar à sustentação da resistência e com malogrados ataques ao Arraial do Bom Jesus. Por este tempo os holandeses receberam o substancial apoio de Domingos Fernandes Calabar, facilitando as ações de contraguerrilha pelo conhecimento do terreno e da situação. Os efeitos dessa contraguerrilha neerlandesa foram alcançados de certo modo, dificultando o apoio à sobrevivência do Arraial, rompendo o ime.

Uma vez que a estratégia de contraguerrilha produziu os resultados almejados, havia chegado o momento de a WIC realizar com êxito o atingimento dos objetivos contra as praças fortes luso-brasileiras.

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Forte Ceulen no Rio Grande (Forte dos Reis Magos), por Frans Post (1638). – Fonte – http://noisnafolia.no.comunidades.net/pontos-turisticos

Com a conquista da fortaleza dos Três Reis Magos, no Rio Grande do Norte, onde os holandeses estabeleceram relações com os tapuias, a fim de criar uma aliança que pudesse ameaçar a resistência luso-brasileira vindo do interior. Conquistas na Paraíba e a ocupação do interior da capitania de Itamaracá assinalaram o declínio da resistência, reduzida agora às duas fortificações principais, o Arraial do Bom Jesus e o Cabo de Santo Agostinho. Debates entre os chefes militares a respeito de como conduzir a guerra contra os holandeses tergiversaram sobre a guerra convencional e a guerrilha pura e simples. O Arraial e o Cabo foram sitiados simultaneamente, capitulando em 1635, retirando-se os luso-brasileiros em marcha para o sul, rumo ao rio São Francisco nas Alagoas, onde Matias de Albuquerque planejava fortificar-se à espera de reforços militares enviadas da metrópole, sob o comando do general D. Luís Rojas y Borja. Na agem por Porto Calvo, onde se encontrava Calabar, Matias de Albuquerque toma de assalto o lugar, fazendo Calabar prisioneiro e executando-o. Ao reconquistar Porto Calvo, Matias de Albuquerque, desimpediu o caminho terrestre para a Bahia para onde retraiu com grande número de luso-brasileiros, ficando o nordeste nas mãos dos holandeses na sua expansão máxima, ando o comando da resistência a Rojas y Borja se dirigindo à metrópole para ser julgado pela perda de Pernambuco.

Entradas e Excursões

O conde Bagnolo, oficial que chefiava o contingente napolitano do exército da resistência, substituiu Rojas y Borja, após sua morte, na derrota luso-brasileira de Mata Redonda (1636). Bagnolo transformou Porto Calvo no trampolim para ataques de campanhistas ao interior de Pernambuco, de Itamaracá e a Paraíba cujos canaviais e engenhos eram implacavelmente incendiados de maneira a impedir que a WIC tirasse proveito econômico do triunfo militar. Esta fase da guerra tornou o exército de resistência impopular junto à comunidade luso-brasileira que havia optado por permanecer no Brasil holandês.

Johan Maurits (1604-1679), Count of Nassau-Siegen, founder of th
Nassau (1604-1679) – Fonte – pt.wikipedia.org.

O Governo de Nassau no Brasil holandês (1637-1644)

João Maurício de Nassau-Siegen governou o Brasil holandês por sete anos (1637- 1644), se constituindo esse tempo em um período de relativa paz entre os dois períodos de guerra (1630-1636) e (1645-1654). A sua nomeação correspondeu mais aos interesses do Príncipe de Orange do que da WIC. A comitiva de Nassau se compunha dentre outros es; de pintores, paisagistas, urbanistas e cientistas, retratando o nordeste brasileiro da época. A relativa paz deste período se contrapunha as entradas e excursões encetadas pelos luso-brasileiros a partir de Porto Calvo, diminuindo-se o ímpeto dessas correrias após a perda de Porto Calvo para Nassau, em 1637. Por ação de Nassau, os luso-brasileiros foram rechaçados para além do rio São Francisco, estabelecendo neste o limite sul do Brasil holandês. De retorno ao Recife, Nassau realizou as duas grandes tarefas que lhe haviam sido confiadas: a organização istrativa do Brasil holandês e a reativação da economia açucareira depois de sete anos de guerra. Tratou Nassau de fixar as fronteiras norte com a conquista de Fortaleza (1637). Objetivou Nassau ainda, assegurar oferta de mão de obra escrava, degradada pelos anos de conflito por conta das fugas de escravos para os quilombos; sua partida para a Bahia na retirada de Matias de Albuquerque; sua incorporação tanto às tropas luso-brasileiras quanto às holandesas e os apresamentos como botins de guerra. Buscou também Nassau obter nas possessões africanas os escravos necessários ao bom andamento da empresa açucareira, ocupando praças portuguesas.

O Sítio da Bahia (1638)

Nassau reavaliou a situação em que apoiava os limites do Brasil holandês na margem esquerda do São Francisco, entendendo que a existência da sede do governo-geral do Brasil em Salvador, comprometia os interesses da WIC, pois eram fomentadas a partir daí as incursões de campanhistas luso-brasileiros, representando uma ameaça permanente, determinando, pois a conquista da Bahia em 1638.

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Durante cerca de um mês, Nassau sitiou Salvador, ao mesmo tempo em que punha a ferro e fogo o Recôncavo Baiano não conseguindo ocupar a sede do governo-geral. O poder naval da União Ibérica foi acionado para socorrer o Brasil com a constituição da Armada de Oquendo e do conde da Torre não obtendo sucesso. Em janeiro de 1640, a armada do conde da Torre apresentou-se novamente diante do Brasil holandês, desta vez em busca de uma cabeça de ponte onde desembarcariam seus efetivos, que operariam em sincronia com tropas enviadas de Salvador. Perseguida por uma esquadra holandesa e sem ajuda de ventos e correntes marítima favoráveis, ela derivou ao longo do litoral de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte, sustentando uma série de combates indecisos. A esquadra foi dar nas costas da baía de Touros com 1.200 soldados luso-brasileiros que, capitaneados por Luís Barbalho Bezerra, regressaram à Bahia pelo interior do nordeste com as demais unidades campanhistas, evitando os contingentes batavos que lhes saíam ao encalço e lhes causando baixas.

A Restauração Portuguesa (1640), o Fim do Governo de Nassau e a Conjura Lusa-Brasileira (1644)

Em dezembro de 1640 Portugal se livre do domínio da Espanha pondo fim a União Ibérica, assumindo o trono lusitano o duque de Bragança como D. João IV. Esse acontecimento trouxe uma relevância especial para o destino do Brasil holandês, comprometendo o equilíbrio estratégico no Brasil. Nassau comemorou o evento a fim de transformar Portugal em aliado dos Países Baixos na guerra contra a Espanha.

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Engenho de açúcar.

Em março de 1642, Nassau já se dera conta de que, em vez de consolidar o Brasil holandês a Restauração Portuguesa constituía uma ameaça a seu futuro que aliado ao fato do problema das dívidas de senhores de engenho que começaram a ser cobradas pelos credores da WIC, culminando com a sua saída da istração do governo do Brasil holandês em 1644. Com a partida de Nassau em maio de 1644, a conspiração luso-brasileira tomou vulto.

A junta que substituiu Nassau foi a primeira a reconhecer o estado de coisas que poderiam levar a uma conjuração com a possibilidade de um golpe de mão pelo qual as autoridades holandesas poderiam sofrer algum tipo de ação contra sua integridade.

A Insurreição Pernambucana (1645-1654).

João Fernandes Vieira pôs-se à frente da insurreição, pesava sobre ele o fato de que era um dos maiores devedores da WIC ante a possibilidade de devassa por parte da istração do Brasil holandês. A 13 de junho de 1645, Fernandes Vieira e seus soldados internaram-se pela ribeira do médio Capibaribe para evitar, em inferioridade de condições, o confronto com o inimigo. Com o intuito de mitigar o movimento, o governo da WIC providenciou dentre outras medidas a anistia a todos os devedores que participavam de insurreição, exceto os líderes. Os insurretos de Vieira perseguidos pela principal força da WIC derrotaram os holandeses em 3 de agosto no Monte das Tabocas.

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O Monte das Tabocas nos dias atuais – Fonte – http://www.prefeituradavitoria.pe.gov.br

Na sequência desembarcaram em Sirinhaém os regimentos de André Vidal de Negreiros e Martim Soares Moreno, transportados por uma esquadra vinda de Salvador, ocupando a vila e marchando contra o Cabo de Santo Agostinho, cuja fortaleza capitulou a 13 de agosto mediante suborno aos neerlandeses. Essa capitulação dava aos insurretos uma base de operações navais com que poderiam se comunicar com a Bahia e Portugal, dando um duro golpe no moral dos holandeses. À junção da força de Vieira com as tropas de Henrique Dias e de Camarão segue-se a reunião com os terços de Negreiro e Martim Soares Moreno que na sequência das Tabocas rumaram contra a força holandesa surpreendendo-a no Engenho de Casa Forte. À vitória em Casa Forte, seguiram-se a rendição dos redutos de Porto Calvo e de Penedo e o êxito do levante da Paraíba, isolando inimigo em Cabedelo. Desta forma, a partir de 1645, os luso-brasileiros aram a controlar praticamente o interior do nordeste, reduzindo a presença neerlandesa no Recife e nas guarnições litorâneas de Itamaracá, da Paraíba, de Fernando de Noronha e do Rio Grande do Norte.

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Detalhe de quadro de Frans Post, mostrando detalhes de um engenho – Fonte – http://www.scielo.br

Os massacres de Uruaçu e de Cunhaú deixaram um rastro de sangue no imaginário luso-brasileiro, do qual se aproveitaram os insurretos. Estabeleceu-se incontinente o cerco ao Recife nos moldes das linhas de estâncias em 1630 a 1632. Sem o à produção local de víveres, os holandeses encontravam-se inteiramente dependentes do aprovisionamento vindo de fora do continente. A chegada da ajuda militar ao Brasil holandês forçou o comando do movimento a retirar a população luso-brasileira desde o Rio Grande do Norte até Igaraçu, reduzindo o perímetro de defesa e concentrar efetivos no assédio ao Recife. O socorro chegado ao Recife em 1646 reforçou a posição dos que em Lisboa advogavam a escalada da intervenção portuguesa. O Conselho Ultramarino manifestou-se em prol do envio de auxílio militar por intermédio da Bahia, chamando a atenção d’El-Rei para as divergências entre os insurretos e com o risco de ser solicitada a interferência de um terceiro país ou até negociarem por conta própria um acordo com o Brasil holandês. Em 1646 e início de 1647, D. João IV decidiu sustentar o movimento de modo à utilizar como meio de pressão diplomática contra os Estados Gerais. Nomeou-se um mestre de campo general incumbido de submeter à condução da guerra ao controle da Coroa, Francisco Barreto de Menezes. No segundo semestre de 1646, graças ao reforço enviado das Províncias Unidas para salvar o Recife da rendição pela fome, o governo do Brasil holandês tratou de ar a ofensiva. Ocupou-se Itaparica à entrada do Recôncavo Baiano, obrigando o governo-geral realocar suas forças de Pernambuco para reforçar Salvador. Com a chegada de uma armada holandesa em fins de março e início de 1648, o governo do Recife voltou a debater alternativas estratégicas, sendo a vencedora aquela que deveria romper o assédio do Recife por meio de uma demonstração de força que obrigaria os luso-brasileiros a aceitar uma batalha em campo aberto onde a superioridade neerlandesa terminaria por se impor.

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Batalha dos Guararapes

Rumo aos Guararapes e a Campina do Taborda

Os luso-brasileiros por intermédio de ardis próprios da Guerra Brasílica aceitaram o desafio de uma batalha aos moldes da Guerra Holandesa, porém em local devidamente escolhido pelo Conselho de Guerra com o assessoramento de Antônio Dias Cardoso, atraindo os holandeses para um local de difícil desdobramento do seu dispositivo. As 1ª e 2ª Batalhas de Guararapes definiram o destino do Brasil holandês, confinando os batavos definitivamente no Recife e sua posterior capitulação na Campina do Taborda em 26 de janeiro de 1654 e confirmado pelo Tratado de Haia (1661) pelo qual a República Holandesa reconheceu a soberania portuguesa sobre o nordeste brasileiro. Nessa oportunidade a Primeira Guerra Anglo Holandesa (1652-1654) contribuiu para a mudança de prioridades na manutenção do Brasil holandês por parte dos neerlandeses, facilitando a vitória dos luso-brasileiros.

Conclusões

Domínio por parte dos holandeses de todas as etapas da produção açucareira já que dominavam sua distribuição e comercialização valendo-se da posterior produção Antilhana, contribuindo para o declínio da economia canavieira no nordeste brasileiro.

Controle do mercado fornecedor de mão de obra escrava africana pelos holandeses. Portugal cedeu aos Países Baixos o Ceilão e as ilhas Molucas, a título de compensação, além de pagar quantia indenizatória.

Manutenção da integridade do território brasileiro com o domínio do nordeste brasileiro, importante região estratégica debruçada sobre o estrangulamento do Atlântico.

Importância da Guerra Brasílica versus a Guerra Holandesa ou Europeia desenvolvendo a consciência da defesa do solo pátrio.

Desenvolvimento do ideário típico de Pernambuco observado na sua recalcitrante inserção na ordem imperial, depois do malogro das revoluções de 1817,1824 e 1848. Retomada das praças portuguesas na África, especialmente Angola, a fim de se restabelecer o fluxo de mão de obra escrava.

FONTE http://.eceme.ensino.eb.br/docs/HISTORIA_MILITAR_15.pdf

PARA SABER MAIS SOBRE ESSE TEMA NO BLOG TOK DE HISTÓRIA

HOLANDESES NO NORDESTE DO BRASIL

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ÍNDIOS PROTESTANTES NO BRASIL HOLANDÊS

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A ARTE DE FRANS POST

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1640-A MAIOR BATALHA NAVAL OCORRIDA NOS MARES BRASILEIROS

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O RIO GRANDE DO NORTE HÁ DUZENTOS ANOS

UM MAPA DE 1811 MOSTRA INTERESSANTES ASPECTOS DA TERRA POTIGUAR

Rostand Medeiros – IHGRN

Através do amigo José Cardoso de Paula Morais, que da sua bela Cidade Maravilhosa, me manda dos arquivos da fantástica Biblioteca Nacional, um interessante mapa digitalizado do nosso Rio Grande do Norte, do qual tenho enorme orgulho de ser filho desta terra.

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A foto do mapa, conforme recebi no original. Fonte – Biblioteca Nacional, através de José Cardoso de Paula Morais 

ATENÇÃO – NO LINK QUE SEGUE É POSSÍVEL VISUALIZAR O MAPA EM ARQUIVO HTM, COM ÓTIMAS POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO. 

http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart542340.htm

Intitulado “Mappa Topographico da Capitania do Rio Grande do Norte”, é datado de 1811 e a sua execução e foi realizado sob as ordens do então governador das terras potiguares, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, um homem aparentemente bastante interessado em saber o que havia na área sob a sua istração, conforme veremos mais adiante.

Aparentemente o autor específico da carta topográfica é um sábio de nome “Montenegro”, conforme está mostrado no canto esquerdo inferior deste material. Se não estou errado, vemos escrito “Montenegro desenhou” e acompanha um indicativo do local e do ano onde o “Mappa Topographico da Capitania do Rio Grande do Norte” foi finalizado – “Recife:1811”.

Um ponto de interesse são as desembocaduras dos rios, os cursos destes para o interior, o quanto estes eram caudalosos etc. Como na carta não aparece o mínimo rasgo de uma simples estradinha, estes rios eram os verdadeiros caminhos potiguares da época. Vemos os Rios Piranhas, “Apody”, o Maxaranguape, entre outros.

Já a nossa capital é denominada “Cidade do Natal” e está junto a “Barra do Rio Grande”.

Destaque também para as pequenas áreas habitacionais, muitas destas nada mais que simples arruados, marcados com uma uma cruz. Esta era uma marcação muito comum em mapas desta época, que servia também para mostrar a um crente seguidor da igreja que naqueles ermos havia uma casa do senhor, onde ele poderia fazer suas orações.

Como era uma época sem estradas de qualidade, sem placas indicativas (a maioria do povo era analfabeta) e muito menos GPS, o mapa mostra as muitas serras do nosso sertão, servindo como pontos de referência para possíveis viajantes que seguissem a conhecer a região.  Vemos a Serra de Martins, a de Luís Gomes, de “Sta. Anna” e a grande Serra do Camará, hoje mais conhecida como Serra de São Miguel.

O mapa se encontra bastante amarelado, mas ainda bem visível no original. Não tenho ideia de suas dimensões reais. Mesmo com todas as dificuldades da baixa resolução, vemos que o autor olhou o nosso estado como um observador posicionado ao norte, parecendo a olhos atuais que a carta está de cabeça para baixo.

Mas na perspectiva de quem o concebeu, importava mostrar principalmente a localização dos pontos de atracação ao longo do nosso litoral (marcado com pequenas âncoras), uma ação muito importante para o uso do principal meio de transporte e de escoamento de mercadorias da época – o marítimo.

Tanto assim que na base do mapa encontramos 34 indicações dos pontos do nosso litoral, com informações para os navegantes e marcações de áreas ao longo de nossas praias. Tudo de suma importância para os navegadores daquela época.

Muitas das denominações litorâneas foram esquecidas, ou alteradas. É o caso da de número 1, com a denominação “Mossoró”, onde vemos a nossa primeira praia a partir do Ceará e acompanhado do indicativo “Banco de Areia”, provavelmente a região da praia de Areias Alvas.

Já outras marcações permanecem, como as de números 2 e 3, onde aparece a denominação ainda corrente da bela praia de Redonda. Interessante é que neste ponto do mapa já aparece o nome “Ponta do Mel”, mas a localidade não foi contemplada com uma numeração e nem algum indicativo sobre a área.

O mapa com alterações do programa PICASA

Já na de número 9 aparece o nome “Guamaré” e não mais “Água-Maré”, como era denominado em tempos anteriores a feitura desta carta.

A marcação 10 é apresentada como “Gallos” (ainda existente, próximo ao município de Galinhos) e seguem inúmeras outras como o Cabo de São Roque e Maxaranguape (25), Ponta Negra (28), Pirangí (29), Tabatinga (31) e Baía Formosa como a nossa última praia antes da mal traçada fronteira com a Paraíba.

O mapa chega a mostrar locais que sumiram da face da terra, como no caso da Ilha de Manuel Gonçalves.

Neste local consta que existiu uma pequena fortaleza, construída pelo mesmo governador que mandou fazer o mapa aqui mostrado. Ali teve início uma povoação que hoje é a cidade de Macau. Ocorre que devido a ações da natureza, esta ilha desapareceu, tornando-se uma verdadeira “Atlântida Potiguar”. Com ela sumiu o fortim, as primeiras casas de Macau e grande parte de sua história. Os Macauenses mudaram suas casas para outro local e lá a cidade permanece até hoje.

Detalhe do mapa de 1811, mostrando a região de Macau

Mas o mapa mostra que a “Manoel Gonçalves”, com o número 7, estava lá em 1811.

A partir do local onde está a desembocadura do Rio Piranhas, seguindo os contornos do rio um pouco mais acima, vamos encontrar o local “Oficinas”. Esta era uma antiga povoação que aproveitava a grande quantidade de sal existente na região, junto com a carne de gado dos rebanhos que ali eram criados e produzia charque em suas denominadas oficinas. Um pouco mais acima de “Oficinas” encontramos a “Villa da Princeza”, o atual município de Assú. E por aí vai o que se pode aproveitar desta interessante carta.

Sobre o homem que mandou confeccioná-lo, consta que José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque foi um militar de artilharia e funcionário público da coroa portuguesa com muitos serviços prestados.

Mas nem tanto assim.

Segundo os “Annais de Pernambuco”, em 21 de Maio de 1801, um delator informou às autoridades da Capitania de Pernambuco os planos de um grupo de conjurados, que desejavam deflagrar um movimento separatista, o que conduziu à detenção de diversos implicados. Vejamos o que foi publicado sobre o fato.

O Forte dos Reis Magos, na Barra do Rio Grande, na época dos holandeses. Fonte – Foto do autor, feita no Instituto Ricardo Brennand, em Recife, Pernambuco

“Em 10 de junho do mesmo ano é preso o comandante militar da freguesia do Cabo de Santo Agostinho, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, ilustre e alentado fidalgo, senhor do engenho Suassuna em Jaboatão, como chefe de uma conspiração política, que tinha por objeto formar de Pernambuco uma república independente sob o protetorado de Napoleão Bonaparte, o grande líder francês.

Um dos seus irmãos, o terceiro, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, então em Lisboa, figurava na conjuração como agente no Reino, e escapou de ser preso, fugindo para a Inglaterra.

O público jamais penetrou os esconderijos deste mistério, porque molas reais e secretas fizeram correr sobre ele cortinas impenetráveis; foi certo, contudo, que rios de dinheiro correram pelas religiosas mãos de Frei José Laboreiro, respeitável pelo seu saber e virtudes, lente de teologia dogmática do Seminário Episcopal de Olinda, e de grande prestígio na corte, de onde recentemente chegara, tirando por fruto serem os acusados restituídos à liberdade, à posse dos seus bens sequestrados, e à estima e prêmios do soberano”.

José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque soube dar a volta por cima nesta situação e em 23 de março de 1806 é designado para governar a capitania do Rio Grande do Norte.

Câmara Cascudo (In “História do Rio Grande do Norte”, MEC, 1955, páginas 130 e 131) comenta que Cavalcanti foi um dos melhores governadores que o estado já teve e exerceu seu mandato até maio de 1811.

Além de erguer pequenos fortes de pedra e cal ao longo do litoral potiguar, entre outras ações Cavalcanti fundou um asilo para as viúvas dos soldados.  O governador mandou proceder em 1805 a um censo demográfico, que apontou existirem 49.181 potiguares, sendo 24.834 homens e 24.347 mulheres, entre brancos, pardos, negros e índios.

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Escreveu Cascudo que este governante se preocupava desde abrir estradas, a comida dos presos e teria sido o primeiro a promover, em 1809, a vacinação de potiguares contra doenças, tendo sido utilizada a vacina jenneriana. (1)

Cavalcanti estava no poder quando o viajante inglês Henry Koster ou por Natal a cavalo, vindo de Recife e seguindo em direção ao Ceará. Cascudo informa que Koster, apesar da miudeza do lugar, elogiou alguns aspectos gerais da capital da pequena província. (2)

Este governador reformou até mesmo os costumes sociais em Natal, onde introduziu o uso de tecidos ingleses e promoveu o costume das reuniões sociais. Será então que os natalenses cobriam suas “vergonhas” com simples panos de chita e mal colocavam a cabeça para fora de seus alpendres de tão matutos que eram?

Não sei se José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque esteve envolvido na Revolução de 1817. Creio que não, pois em fevereiro de 1817 ele assumiu o posto de governador de Moçambique, na África. Consta que lá restaurou a Fortaleza de Mossuril e faleceu em setembro do ano seguinte.

Notas

Nota 1 – Descoberta pelo criador da vacinação, o médico inglês Edward Jenner (1749 a 1823), a forma como esta vacina chegou ao Brasil é uma verdadeira história do terror, do que era a escravidão e de como seus senhores utilizavam suas “peças”.

Em 1804 comerciantes baianos, sob o patrocínio de Felisberto Caldeira Brant Pontes Oliveira e Horta, o poderoso Marquês de Barbacena, bancaram a viagem de alguns escravos à Europa para serem inoculados com o chamado “pus vacínico” e trazerem a vacina jenneriana para o Brasil. Já no ano seguinte, os capitães-mores de algumas províncias tornavam a vacinação obrigatória, entre estes estava o atuante Cavalcanti.

Para entender melhor o porquê de enviar escravos nesta viagem nada turística, a vacina descoberta por Jenner no final do século XVIII a partir de observações sobre a relação entre a varíola e a imunidade provocada no homem quando em contato com o “cow-pox”, ou pústula da vaca, doença similar à varíola desenvolvida pelos bovinos. O produto extraído do “cow-pox” foi denominado “vacina” e ao ser inoculado no homem causava erupções semelhantes às da varíola. A vacina jenneriana consistia na inoculação da “linfa” ou “pus variólico” produzido por estas erupções da pele humana provocadas pelo “cow-pox”. Por este motivo, também era chamada vacinação “braço a braço” devido ao método. Este tipo de vacina, porém, começou a ser questionado quando se percebeu que, além de perder o efeito após algum tempo, ele poderia estar associado à transmissão de outras doenças, em particular da sífilis.

Ver – http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/P/verbetes/instvacimp.htm

Nota 2 – Filho do comerciante inglês de Liverpool, John Theodore Koster, Henry Koster nasceu em Lisboa, Portugal. Não se sabe ao certo a data do seu nascimento, mas ao chegar no Recife, no dia 7 de setembro de 1809, consta que tivesse 25 anos de idade. Considerado um dos mais importantes cronistas sobre o Nordeste brasileiro, Koster viajou para o Brasil em busca de um clima tropical para curar uma tuberculose.

Teve um papel importante na vida social, artística e até política do Recife na época. Fez muitas amizades, conheceu governadores, senhores-de-engenho, comerciantes, coronéis.

Falava o português com fluência, o que fazia com que algumas pessoas duvidassem da sua nacionalidade, tratando-o brasileiramente por Henrique da Costa.

Em 1810, sentindo-se bem melhor da doença que o acometia, resolveu viajar a cavalo para a Paraíba e de lá foi até Fortaleza, no Ceará. Voltou ao Recife no início de fevereiro de 1811 e já no final do mês viajou novamente, desta vez por mar, para o Maranhão, de onde regressou para a Inglaterra.

Em 27 de dezembro do mesmo ano, voltou ao Recife e fez uma viagem ao sertão de Pernambuco. Quando retornou, arrendou o engenho Jaguaribe, na ilha de Itamaracá, tornando-se agricultor e senhor-de-engenho.

Como bom observador anotava, com detalhes, tudo o que via em suas viagens e no seu dia-a-dia. Tomava parte da vida brasileira, conhecendo seu povo, seus usos e costumes, convivendo nas ruas com as mais diferentes camadas da população e frequentando festas da sociedade local.

Retornando à Inglaterra, em 1815, resolveu escrever um livro sobre o Brasil. Publicou-o em Londres, sob o título “Travels in Brazi”l, em 1816. A obra obteve uma grande repercussão na Europa, com várias edições publicadas em diversas línguas. A primeira edição brasileira do livro, com tradução de Luís da Câmara Cascudo foi publicada em 1942, com o título Viagens ao Nordeste do Brasil.

Koster não pretendia voltar ao Brasil, mas ao concluir o livro e sentindo o recrudescimento da tuberculose, retornou a Pernambuco em 1817.

Transferiu-se depois para a Goiana, ao norte de Pernambuco, à procura de um clima melhor para sua saúde. Segundo informações de um outro viajante inglês, seu contemporâneo James Henderson, Henry Koster teria retornado ao Recife em fins de 1819, onde faleceu no início de 1820, sendo enterrado no Cemitério dos Ingleses, em local não identificado.

Ver http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=291&Itemid=187

 P.S. – Antes que alguém reclame da resolução do mapa, eu recebi o material com 406 KB e, mesmo não sendo nenhum expert, tentei dar uma melhorada através do programa PICASA. Mas o resultado não ficou 100%. De forma alguma reclamo o regalo recebido, antes disso. Mas é o que tenho para mostrar.

Um forte abraço ao amigão José Cardoso de Paula Morais, a Laura, a Paulinha e estou na luta para ir para o Rio no fim do ano e visitar estes maravilhosos arquivos.

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