Rostand Medeiros – Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN
Na última terça-feira, dia 14 de novembro de 2017, tive a grata satisfação como responsável pelo blog TOK DE HISTÓRIA de está presente na sede da Academia Norte Rio Grandense de Letras para receber a Medalha do Mérito Acadêmico Jornalista Agnelo Alves.
O nosso veículo digital de propagação de informações históricas recebeu este importante reconhecimento formal na categoria blog, fato que me deixou muito honrado e com uma maravilhosa sensação de dever cumprido.
Junto aos meus amigos o jornalista José Pinto Junior, igualmente agraciado com a Medalha Agnelo Alves, e Lívio Oliveira, membro da Academia Norte Rio Grandense de Letras.
A indicação entre os acadêmicos para honrar o TOK DE HISTÓRIA com esta medalha partiu do Professor Carlos de Miranda Gomes, a quem só tenho agradecimentos. Fui informado que a ideia de outorgar esta medalha ao nosso blog contou com a unanimidade dos integrantes desta respeitada instituição cultural potiguar, entre estes os amigos Iaperi Araújo e Lívio Oliveira, a amiga Leide Câmara, além do Presidente Diógenes da Cunha Lima, a quem tive o privilégio de receber dele uma acolhida muito carinhosa.
Junto ao Professor e advogado Carlos de Miranda Gomes. Só agradecimentos pela indicação do nosso blog TOK DE HISTÓRIA para receber essa honraria.
O fato dos membros da tradicional Academia Norte Rio Grandense de Letras outorgarem ao blog TOK DE HISTÓRIA esta honraria demonstra como seus integrantes observam com atenção o mundo digital e as infinitas possibilidades de divulgação e o as informações que as ferramentas digitais proporcionam. Para mim isso ficou bem claro no discurso de boas vindas proferido a todos os agraciados pelo Presidente Diógenes da Cunha Lima quando elencou os atuais feitos, as conquistas e a atuação desta casa em prol da nossa memória e cultura.
Junto ao Presidente da Academia Norte Rio Grandense de Letras Diógenes da Cunha Lima.
E vale ressaltar essa instituição não tem uma História curta. No mesmo dia em que eu recebi essa medalha, a Academia Norte Rio Grandense de Letras comemorava 81 anos de criação.
Jornal natalense “A República”, de 15 de novembro de 1936.
Nos meus arquivos guardo uma cópia fotografada do jornal natalense “A República”, de 15 de novembro de 1936, um domingo, noticiando que no dia anterior, na sede do Instituto de Música do Rio Grande do Norte havia ocorrido a primeira reunião oficial da Academia Norte Rio Grandense de Letras.
Recebendo essa honraria dos Acadêmicos Carlos Gomes e do amigo Iaperi Araújo.
Neste encontro histórico foi lido e aprovado, com algumas pequenas alterações, os estatuto da nova Academia de Letras, elaborados pelo acadêmico Mathias Maciel, além da votação para a escolha da sua primeira diretoria.
Agraciados e membros da da Academia Norte Rio Grandense de Letras.
Entre os escolhidos para dirigir a nova instituição pela primeira vez figuraram Henrique Castriciano de Souza – Presidente, Luiz da Câmara Cascudo – Secretário Geral, Edgar Ferreira Barbosa – 1° Secretário, Aderbal de França – 2° Secretário e Clementino Hermógenes da Silva Câmara – Tesoureiro.
Junto ao amigo Ormuz Barbalho Simonetti, digno e esforçado Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, instituição a qual sou sócio efetivo com muito orgulho.
Na sequência foram oficialmente criadas três comissões acadêmicas, sendo estas as do regimento interno, a de contas e a que deveria criar a revista da instituição, até hoje editada. Para finalizar ficou decidido que a próxima reunião da Academia seria dedicada a escolha dos patronos da instituição, escolhidos entre norte rio grandenses ilustres já falecidos.
Com a amiga de todas as horas Isa Cristina.
No seu estatuto, no seu Artigo 1°, está descrito de forma simples e direta a que fins se destinava aquela nova instituição cultural – “A cultura da língua e da literatura nacional, especialmente a do Rio Grande do Norte”.
Com meu querido tio Joaquim Paulino de Medeiros Neto. Dois descendentes do Coronel Quincó, lá do pé da Serra da Rajada, do Sertão do Seridó.
O fato desta primeira reunião da Academia de Letras haver sido realizada no Instituto de Música do Rio Grande do Norte, além da inexistência da sede da Academia na Rua Mipibu, 443, acredito que teve ligação com o fato da instituição dirigida na época pelo Maestro Waldemar de Almeida e ter uma intensa movimentação musical e cultura que agitava a cidade e congregava os que se dedicavam a cultura potiguar.
Nosso grande amigo Ricardo Sávio Trigueiro de Morais presente na cerimônia.
Ao tomar conhecimento desta rica História não posso deixar de comentar o quanto me senti feliz e realizado ao receber esta Medalha do Mérito Acadêmico Jornalista Agnelo Alves.
É antes de tudo um grande estímulo para continuar propagando através do TOK DE HISTÓRIA interessantes episódios do ado, tendo sempre como foco a ideia de democratizar para o maior número possível de pessoas essas informações.
Aos amigos e amigas, o nosso blog TOK DE HISTÓRIA foi agraciado com a MEDALHA DO MÉRITO ACADÊMICO AGNELO ALVES pela ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS, na categoria blog.
É um reconhecimento maravilhoso desse projeto, pautado na ideia da democratização da informação histórica.
Eu gostaria de informar aos amigos do blog TOK DE HISTÓRIA alcançamos a maravilhosa marca de 4.000.000 de visitantes.
O que importa é aproveitar a oportunidade para agradecer aos leitores, aos colaboradores e aos blogs amigos pela força para que o TOK DE HISTÓRIA se mantenha ativo.
Já comentei uma vez que para mim é surpreendente alcançar algo assim, pelas características do formato que dou a maioria das postagens publicadas. Sempre com textos longos, muitas fotos e informações. Por isso minha toda essa minha comemoração!
Valeu mesmo pelas visitas, pelas opiniões, pelas críticas, sugestões e torcida. Vocês ajudam a tornar este espaço virtual de democratização da informação histórica entre os mais ados com este tipo de temática.
Acho que foi em novembro de 2015 que a minha mãe, Creuza de França Medeiros, uma pessoa bastante interessada em artes e pinturas, me comentou sobre uma exposição que estava acontecendo em Natal, no velho e suntuoso Solar Bela Vista, no bairro da Ribeira.
Ela me falou que um jovem pintor estava apresentando vários quadros sobre Lampião e o Cangaço, mas que estes eram criados de uma forma diferenciada, com uma apresentação bastante interessante e que certamente eu gostaria de ir lá ver.
Bom, como eu frequentemente não sou de discordar da minha mãe e como estes temas nordestinos sempre me interessaram desde que me entendo por gente, eu não perdi tempo e fui lá visitar a exposição.
Realmente para alguém muito pouco ligado aos pincéis, como é o meu caso, os quadros que encontrei no velho Solar eram bem diferentes do que eu já havia visto. Vi trabalhos de variadas dimensões, com muito colorido, pinceladas livres, que na minha visão possuíam algo de muito interessante, belo e poético.
Logo fui apresentado ao artista plástico Sérgio Azol pelo jornalista Thiago Cavalcanti, que realizava a assessoria de imprensa do evento. Na conversa, para minha surpresa, descobri que Azol conhecia o nosso blog TOK DE HISTÓRIA, que era de Natal e que havíamos estudado em turmas deferentes no velho Salesiano da Ribeira, na época do ensino colegial.
No contato soube que a família de Sérgio Azol possui profundas raízes sertanejas, que ele tem um forte sentimento de orgulho em relação a estas origens e a sua arte tem muito dessa ligação afetiva com a sua história familiar.
Apesar disso ele me comentou que cedo deixou Natal, viveu em grandes cidades do sul do Brasil e nos Estados Unidos e pouco conhecia do sertão. Ele desejava ter um maior contato com a região, principalmente na área aonde o chefe cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, atuou mais fortemente junto com seus homens.
Comentei-lhe que compartilhávamos origens parecidas e que tenho o mesmo sentimento de orgulho em relação ao fato de ser um nordestino. Daí o papo correu solto e logo estávamos planejando uma viagem que pudesse abranger, em um espaço determinado de tempo, o máximo de locais que lhe proporcionasse descortinar muito da intensa vida deste cangaceiro.
Na estrada. Aqui realizando uma visita ao Museu do Artesanato de Bezerro e agradecendo o profissionalismo do pessoal.
Este planejamento ocorreu sem maiores alterações, pois, além de escritor e pesquisador de temas nordestinos, eu sou um Guia de Turismo credenciado pelo Ministério do Turismo, com mais de quinze anos de experiência e já possuo muitos quilômetros de estradas percorrendo o Nordeste.
Neste sentido o objetivo ficou centrado principalmente na região do Pajeú Pernambucano, área de nascimento de Lampião. Depois seguiríamos para a cidade de Piranhas, no oeste do estado de Alagoas, as margens do Rio São Francisco e próximo da Grota do Angico, local da morte de Lampião e localizado no belo estado de Sergipe.
Em Floresta estivemos juntos dos maravilhosos amigos (da esq. para dir.) Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, Djanilson Pedro e Marcos Antonio de Sá, o conhecido como “Marcos De Carmelita”.
Logo contatei pessoas maravilhosas, grandes amigos, que se colocaram a disposição para ajudar no que fosse necessário. Entre estes estava Carmelo Mandu, da cidade paraibana de Princesa Isabel e André Vasconcelos, em Triunfo, Pernambuco. Já da bela cidade de Floresta, também em Pernambuco, os escritores e pesquisadores Marcos Antonio de Sá, conhecido como “Marcos De Carmelita”, e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, autores do livro “As cruzes do Cangaço – Os fatos e personagens de Floresta – PE”, recentemente lançado, se prontificaram a ajudar.
Apesar deste contato extremamente positivo, por diversas razões o “OK” para iniciarmos esta viagem demorou um pouco mais do que planejamos. Mas finalmente a ordem de partida foi dada e caímos na estrada.
Saí de Natal para me encontrar com Azol em uma segunda-feira de madrugada, seguindo para Recife, onde ele desembarcaria no Aeroporto dos Guararapes. Ocorre que cheguei na capital de todos os pernambucanos em um dia que esta cidade literalmente ficou debaixo d’água. Trechos que levaria 20 minutos para percorrer foram completados em uma hora e meia e era tanta água que cheguei a duvidar se conseguiria mesmo alcançar ao aeroporto. Graças a Deus deu tudo certo.
Partimos com uma paisagem e um clima que mais lembravam a Serra Gaúcha, do que o agreste pernambucano. Mas foi legal para ambientar Azol e lhe contar aspectos da história da expansão da cultura canavieira e como se deu à ocupação do sertão pelos portugueses, a origem dos cangaceiros e vários outros temas.
O papo ia rolando, a BR-232 se abrindo na nossa frente e isso tudo com o som do carro tocando o Mestre Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Quinteto Armorial e o Quinteto da Paraíba, Zé Ramalho, Elomar, Fagner, Genival Lacerda, Alceu Valença, Antônio Nóbrega, Mestre Ambrosio e muito mais.
Inspirado, logo Azol foi pedindo para que eu realizasse várias paradas para executar muitas fotos. Muitas delas estão aqui para os leitores do TOK DE HISTÓRIA.
Pelos dias seguintes estivemos nas cidades de Bezerros, Belo Jardim, Arcoverde, Serra Talhada, São José de Belmonte, no local da mística Pedra do Reino, na região da cidade de Floresta, nas ruínas da casa onde nasceu Lampião, em Piranhas, navegamos pelo Rio São Francisco, caminhamos pela trilha que leva até a Grota do Angico. Depois retornamos por Garanhuns, Caruaru e Recife. Infelizmente, devido ao tempo curto que dispúnhamos e da necessidade de realizar muitas paradas, não foi possível visitar Princesa Isabel e Triunfo. Peço desculpas aos amigos Carmelo Mandu e André Vasconcelos.
Mas percorremos muitas estradas de barro em plena caatinga braba. Paramos para conversar com sertanejos, com vaqueiros e outros mais. Conversamos com pessoas que sabem transmitir, com narrativas extremamente dignas, várias histórias sobre Lampião, sobre outros cangaceiros, sobre as volantes policiais, as sangrentas guerras de famílias no sertão, sobre as secas, as enchentes e outros temas. Foi possível apresentar o rico artesanato, a culinária e a história desta região extremamente singular e representativa desta parte do Brasil.
Para mim (e acredito que igualmente para Sérgio) os momentos particularmente mais interessantes foram em Floresta.
Conhecendo o gosto do cacto “Coroa de frade”.
Maravilhosamente apoiados pelos escritores e pesquisadores Marcos Antonio de Sá e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, percorremos inúmeros locais que foram palco de lutas entre valentes florestanos contra Lampião e seus cangaceiros.
Marcos de Carmelita explicando a Sérgio Azol aspectos históricos da luta travada na Tapera dos Gilo em 1926.
Entre estes locais o mais significativo sem dúvida alguma foi à visita a propriedade da Tapera dos Gilo, local do maior massacre da história do Cangaço. Nesta propriedade conhecemos o nobre sertanejo Djanilson Pedro, o conhecido “Pané”, descendente dos membros da família Gilo.
Cemitério onde descansam eternamente os membros da família Gilo massacrados por Lampião em 1926.
Em razão de um ardiloso e nefasto estratagema orquestrado por um inimigo, esta família foi atacada no dia 26 de agosto de 1926 pelo bando de Lampião e um grupo em torno de 120 cangaceiros. Neste dia sangrento mais de 10 pessoas foram mortas na propriedade e nas redondezas pelos bandoleiros das caatingas. Tivemos a oportunidade de ouvir a narrativa oral que é transmitida pela família de Djanilson sobre os episódios de 1926, sua opinião sobre aquele momento extremamente difícil para sua família, as consequências disso e foi possível visitar os locais de luta. Foi um dia muito positivo e produtivo, que só engrandeceu a nossa busca pelo conhecimento.
Djailson relatando a tradição oral referente ao massacre da família Gilo.
Eu acredito que o mais importante em qualquer viagem não é o destino, mas o caminho e não existe coisa melhor na profissão de Guia de Turismo do que conhecer pessoas. Principalmente pessoas que amam aprender viajando e que gostam de transmitir aquilo que conhecem. E isso fica ainda melhor quando a estrada é percorrida junto de alguém que possui muita humildade, algo fundamental em um bom viajante.
E por isso considero Sérgio Azol é um ótimo viajante…
Hoje tivemos a satisfação de ver estampado nas páginas da TRIBUNA DO NORTE, o principal jornal do Rio Grande do Norte uma interessante reportagem sobre algumas fotos produzidas pelo fotógrafo lituano Ivan Dimitri, que esteve em Natal em 1944. O material produzido por este fotógrafo, de maneira bastante interessante, mostra em vivas cores o que foi o impacto daqueles dias em Natal e Parnamirim Field.
A reportagem foi feita pelo jornalista Yuno Silva, a quem demos uma pequena declaração sobre a importância deste material e, principalmente, a importância da democratização histórica de imagens como estas para o público em geral, principalmente no Rio Grande do Norte.
Temos a clara convicção, mesmo com fortes críticas que recebo com certa frequência, que a nossa ideia de democratizar a informação histórica é extremamente válida.
Este tipo de informação é um gerador de várias coisas positivas, até mesmo na questão da formação da identidade de um povo. Acredito que material histórico guardado por poucos ditos “doutos”, ou dentro de muros de instituições monolíticas que só olham para o próprio umbigo, ou entre pessoas que esperam que governos criem instituições com a ideia exclusiva de geração de recursos próprios e vantagens políticas, é algo verdadeiramente nefasto e complicado.
Estas22 fotos de alta qualidade, coloridas, com ótima resolução, que mostramNatal e Parnamirim Field, foram conseguidas através do site http://www.buzfeed.com, a quem agradecemos por haver publicado este material tão interessante para a história de Natal.
A publicação destas fotos foi possível através dadica da amiga Andreza Diniz. Mais uma vez valeu amiga!
A UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORERS – UBE/RN , o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN e a ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS-ANL convidam Vossa Excelência/Vossa Senhoria para Sessão Solene de entrega de Diploma de Sócio Efetivo aos novos associados da UBE-RN. Após o evento haverá um sarau no Largo Desembargador Vicente de Lemos, oportunidade em que será comemorado o DIA DA POESIA. Traga seu poema preferido para recitá-lo.
A data foi criada em homenagem a CASTRO ALVES, poeta brasileiro nascido em 14 de março de 1847, que ficou conhecido como o poeta dos escravos por ter lutado arduamente pela abolição da escravatura no Brasil.
Tomarão posse na União Brasileira de Escritores- UBE/RN os confrades e as confreiras a seguir relacionados na classe dos Sócios Efetivos:
Este blog TOK DE HISTÓRIA foi criado em dezembro de 2010, com a utópica ideia de buscar democratizar a informação histórica, principalmente relativa ao Rio Grande do Norte, o meu estado.
Para nossa surpresa, mesmo sem maiores pretensões, esse nosso trabalho voluntário tem sido muito comentado e apreciado pela maioria dos que visitam esta página.
Mesmo escrevendo textos longos, com muitas fotos, fugindo ao padrão tradicional de blogs, em quatro anos de atividade já superamos mais de um milhão de visitantes. Se esse número é baixo, ou alto, pouco me importa. O que sinceramente me importa é saber que milhares de pessoas, muitas no exterior, descobrem informações interessantes sobre história.
As informações aqui contidas são para serem copiadas, expandidas e aproveitadas. Tenho percebido que a grande maioria daqueles que copiam nosso material colocam os créditos ao nosso TOK DE HISTÓRIA, fato que agradeço com imensa satisfação.
Evidentemente que nem todos agem da mesma forma.
Sobre a falta de ética de alguns, eu descobri algo que realmente me chamou atenção.
Através de vários amigos eu soube que o blog oficial da Prefeitura de Natal, intitulado “VIVER NATAL”, que na sua página inicial se autodenomina “Blog oficial da cidade do Natal, ligado as Secretarias de Comunicação e de Turismo”, copiou descaradamente parte de uma postagem publicada no TOK DE HISTÓRIA.
Esta nossa postagem se intitula “401 FOTOS ANTIGAS DE NATAL”. (/2013/10/03/401-fotos-antigas-de-natal/), tendo sido publicada inicialmente em 3 de outubro de 2013, onde o intuito foi fazer com que as pessoas conhecessem um pouco mais da história da capital potiguar através de sua iconografia.
Na época que publique a postagem “401 FOTOS ANTIGAS DE NATALeu escrevi: “Para mim, diante do crescimento de Natal e pela falta de ação de muitos atores políticos, cada vez mais percebo a perda da percepção histórica de nossa população em relação a Natal. Esta situação em minha opinião gera muita coisa negativa, principalmente a falta de identidade com o lugar que se vive, a indiferença pelo seu futuro e a ividade diante de muitos descasos que aqui acontecem. Diante deste quadro, decidi utilizar meu espaço, criado em 2010, para expor o que era a cidade de Natal através de fotos”.
Já a postagem existente no blog da Prefeitura de Natal se intitula “200 FOTOS ANTIGAS DE NATAL” (https://vivernatal.wordpress.com/2014/01/30/200-fotos-antigas-de-natal/), estando assim descrita: “Dia 30 de janeiro: dia nacional da saudade, sendo assim o Viver Natal selecionou 200 fotos antigas de nossa cidade”.
Mas eles não apenas selecionaram as fotos, mas copiaram integralmente uma parte do texto da minha postagem original.
Se esse pessoal não possuiu capacidade nem para produzir um simples texto, imagina para fazer algo por esta cidade!
Além da cópia descarada e sem os devidos créditos ser uma intensa falta de ética, A existência destas “200 FOTOS ANTIGAS DE NATAL” aponta para algo interessante – Aparentemente a Prefeitura de Natal não possuiu em seus arquivos fotos antigas da cidade!
E se tem, falta comunicação entre os órgãos para a devida cessão de material!
Repito – o problema não está em baixar e publicar as fotos. O blog TOK DE HISTÓRIA é para isso mesmo. Já informei que tenho prazer em saber que este trabalho voluntário ajuda as pessoas.
Mas é estranho que aqueles que desenvolvem o blog “VIVER NATAL”, provavelmente nas dependências de um órgão da Prefeitura de Natal, do qual se espera a mais correta atuação no campo da ética, sigam desenvolvendo seu trabalho desta maneira.
Bem, se eles agem desta forma com o material desenvolvido em um simples blog, como no caso do TOK DE HISTÓRIA, como será com coisas mais importantes?
Como será que agem com o dinheiro público?
Sim, sobre dinheiro eu informo que ao desenvolver o TOK DE HISTÓRIA eu não aufiro um único centavo.
Estamos vivendo um momento de tensão política, em meio a muita roubalheira, falta de ética, falta de caráter por parte dos homens públicos, decrescença da população com seu líderes e fora uma grande quantidade de mazelas que a população sofre. neste contexto, uma situação destas parece algo sem importância. Mas talvez por deixarmos ar os pequenos erros é que estamos onde estamos!
Além disso, se eu atraso meus impostos com a Prefeitura Municipal de Natal vem a cobrança!
Pelo menos até a noite de 3 de março de 2015, nem pensar em créditos do TOK DE HISTÓRIA na página “200 FOTOS ANTIGAS DE NATAL”!
Rostand Medeiros – Responsável pelo blog TOK DE HISTÓRIA, escritor e pesquisador
Convite para a Medalha do Mérito Cultural Professor Deífilo Gurgel
Para minha enorme e grata surpresa fui um dos escolhidos para receber neste ano de 2014 a Medalha do Mérito Cultural Prof. Deífilo Gurgel, a mais importante comenda cultural do Rio Grande do Norte.Esta comenda se torna ainda especial para mim, pois tive duas marcantes oportunidades de manter contato com o Mestre Deífilo Gurgel. Guardo estes momentos com extrema nitidez na minha memória.Meu primeiro encontro foi no lançamento do seu livro “Espaço e tempo do folclore potiguar”, em 19 de agosto de 1999 e tenho muito apreço pelo meu exemplar assinado por ele. Apesar deste se encontrar já todo riscado e bastante mexido de tanto que o leio e utilizo em minhas pesquisas.Em 2007, ou 2008, tive a oportunidade de me reencontrar com ele e poder conversar um pouco mais.
Mestre Deífilo Gurgel – Foto – Canindé Soares
Na época eu trabalhava no Arquivo Público e Mestre Deífilo precisava de alguns materiais históricos, se não me engano para uma pesquisa sobre Mário de Andrade. Com autorização da direção, eu me comprometi a procurar e lhe entregar o dito material. Dias depois, em um sábado, me lembro de ir à casa do seu filho Alexandre, em um apartamento na Jaguarari e lhe entreguei algumas fotos de jornais antigos. Não fiz esta tarefa apenas por uma obrigação de trabalho, ou por dinheiro, mas por iração a alguém que tanto lutou pela nossa cultura. Uma pena não ter sido seu aluno. Até hoje me recordo impressionado tanta delicadeza naquele corpo franzino, junto com uma extrema e sincera humildade.Receber uma medalha com o nome deste homem, conhecendo o seu trabalho e sua luta pela cultura do nosso Rio Grande do Norte é algo que me deixa muito feliz!O legal é que vou está ao lado de pessoas as quais tenho enorme respeito, como o o amigo Paulo Gastão, o Professor Cláudio Augusto Pinto Galvão, o Professor Roberto Lima, Racine Santos e a todos os indicados.Por isso meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que frequentam as páginas do nosso blog TOK DE HISTÓRIA, ou aos que já leram meus livros, aos meus familiares pela força em continuar com meu trabalho, especialmente a minha esposa Isa Cristina, e pela indicação a receber esta medalha de mérito. Este prêmio é simplesmente combustível para seguir adiante com meus trabalhos e continuar sempre perseguindo o objetivo de democratizar a informação, principalmente em relação à história da minha região.Forte abraço a todos. Rostand Medeiros
O PIOR É QuE 102 ANOS DEPOIS O DRAMA PODE SE REPETIR COM O NOVO CORONAVÍRUS VINDO DA CHINA
Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN
– Texto originalmente publicado originalmente no jornal Tribuna do Norte em 14 de fevereiro de 2008, publicado pela primeira vez no TOK DE HISTÓRIA em 19/03/2011 e revisado em 19/02/2020.
Em 1918, a pequena Natal seguia sua vida tranquila, em meio a um mundo que há quatro anos se esmagava em uma guerra com um nível de crueldade até então nunca testemunhado.
Tribuna do Norte, edição de 14 de fevereiro de 2008.
Os natalenses acompanhavam a Primeira Guerra Mundial através dos jornais locais, que traziam cotidianamente notícias dos combates, histórias pitorescas de soldados e da incrível ação das novas armas como os aviões e os submarinos. Apesar do natalense ler sobre o conflito, este se mantinha distante, sem alterar o dia a dia da cidade.
Esta sensação foi alterada quando navios brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães e o país declarou guerra a este país em 26 de outubro de 1917.
Em todo país cresce o ufanismo e o orgulho de participar da “Grande Guerra”. O presidente Wenceslau Brás decide compor uma frota de navios da marinha de guerra, para ajudar no esforço dos aliados.
Somente sete meses depois, em maio de 1918, parte do Rio de Janeiro a pomposa frota naval, batizada de DNOG (Divisão Naval de Operações de Guerra). Em julho, esta frota composta de oito navios aporta no rio Potengi e a cidade se encanta com o aparato militar. Teve recepção, missa campal e até hino de Palmyra Wanderley para os combatentes que iam para além mar, foi declamado.
Após a partida da DNOG em direção à África, os quase 29.000 habitantes da capital voltaram ao seu ritmo tradicional e tranquilo.
Aparentemente pouca gente em Natal prestou a mínima atenção quando o jornal A República publicou na sua edição de terça-feira, 24 de setembro de 1918, uma pequena nota intitulada “Influenza”. Esta dava conta que o ministro do exterior, Nilo Peçanha, havia recebido a notícia que vários marinheiros da DNOG morreram em consequência da “influenza” ou “gripe espanhola”.
A Primeira Morte
Após a primeira notícia, começam a chegar novas informações que deixavam claro que uma epidemia estava crescendo pelo mundo afora, tornando-se o que a ciência classifica de pandemia, uma doença em escala global.
No Rio de Janeiro, ainda na segunda quinzena de setembro de 1918, após a chegada de navios de carreira, com ageiros infectados, começam a ocorrer às primeiras mortes no país.
Foto de um hospital de emergência durante a epidemia de gripe de 1918, em Camp Funston, Kansas, Estados Unidos.
Logo depois, em 30 de setembro, A República informa que havia diversos casos da “influenza” em Recife, então a doença começa a ser mais destacada nos jornais da nossa capital. Estes reproduziam não medidas profiláticas, ou algum tipo de preparação para enfrentar a doença, mas informes de autoridades médicas, que buscavam amenizar os efeitos da gripe, classificando-a de uma “gripe comum”.
De forma geral a imprensa local não anunciava com mais ênfase o alastramento da gripe espanhola, noticiava-se com mais destaque o início do primeiro campeonato potiguar de “Foot boll”.
Mas gradativamente a situação vai mudando.
Quem lê os jornais do período, percebe como aos poucos a gripe espanhola entra no cotidiano da população de Natal. Praticamente de uma hora para outra surgem nas páginas de anúncios dos jornais inúmeras propagandas de remédios, tais como a “Kolyohimbina”, “Puritol”, ou o “Balsamo Philantropico”, que prometiam a “cura milagrosa contra o mal espanhol”.
Se tornaram frequentes em Natal a reprodução no jornal A República de notícias sobre a Gripe Espanhola em outros estados brasileiros.
Aparentemente, a primeira morte em decorrência da gripe espanhola ocorrida em Natal foi a do comerciante cearense Mozart Barroso, a bordo do navio “Pará”, que estava ancorado no porto da cidade. Em A República, na edição de 15 de outubro, informa que o falecimento ocorreu devido a uma “moléstia” contraída em Recife, vindo a falecer o comerciante em decorrência da viagem.
Se Mozart Barroso morreu ou não da gripe espanhola, os jornais não esclarecem. Entretanto, quatro dias depois, o respeitado médico Januário Cicco escreve em “A Republica”, uma coluna visando “auxiliar na defesa da saúde publica contra a epidemia de gripe ou influenza espanhola, que celeremente se disseminou por toda parte”.
Jornal A República de 1 de outubro de 1918, descrevendo a chegada da Gripe Espanhola em Recife e o que se sabia dos meios de prevenção.
O Dr. Januário recomendava então o uso da “quinina”, informando ter distribuído pelas farmácias da cidade, comprimidos deste produto. Este médico solicitava que “os poderes competentes”, ordenassem aos funcionários da Inspetoria de Higiene que fossem visitar as “choupanas dos mais pobres, distribuindo quinina, aconselhando a melhorar os aspectos de higiene, escolher uma alimentação sadia, beber água de procedência e evitar aglomerações”.
Enquanto isso chegava notícias que no Rio de Janeiro, a 19 de outubro, fora decretado um feriado de cinco dias de duração, na tentativa de se evitar aglomerações e o pânico. Em 21 de outubro morreria o primeiro doente na cidade de São Paulo. Até dezembro de 1918, entre 12.000 a 17.000 pessoas, morreriam na então capital federal e entre 5.400 e 12.300 sucumbiriam em São Paulo.
Nem é preciso dizer que o primeiro campeonato de futebol do estado do Rio Grande do Norte foi adiado.
O Medo se Propaga
Engana-se quem pensa que a Gripe Espanhola atacou basicamente Natal. Conforme podemos ver na capa da edição do dia 7 de dezembro de 1918 do jornal O Município, de Jardim do Seridó, a peste também o interior potiguar.
Em meio à apreensão causada pelo alastramento da gripe, o comércio se adequava como podia a triste novidade. A farmácia Torres anunciava que por 1$800 (um mil e oitocentos réis) era vendido um preservativo que poderia ser utilizado no ato sexual, mesmo em meio ao surto de gripe, “prevenindo pessoas que dele fazem uso com vantagem”. Para outras atividades a situação era mais complicada; a fábrica de gelo da Força e Luz, a única da cidade, parou suas atividades durante a ocorrência do surto.
Surgem boatos que os soldados do 40º Batalhão de Caçadores, a unidade do Exército Brasileiro existente em Natal na época, teriam contraído a doença em larga escala, mas estes boatos não tinham fundamento.
Percebe-se pelos jornais que setores da sociedade am a cobrar dos órgãos governamentais uma maior atenção com as questões de higiene pública, onde surgem cobranças para a extinção de lamaçais existentes nas ruas da cidade, ou contra o abate de animais em residências, além da providência de se enterrar com urgência as carcaças. A 23 de outubro, a diretoria do Colégio da Conceição decidiu encerrar o ano letivo, “sem entrega de diplomas e sem festas”, devido à “epidemia”.
Conforme o medo do alastramento da doença crescia, medidas profiláticas eram recomendadas, com algumas ações que pareciam saídas de algum tratado de bruxaria; lavagens intestinais com água morna, chá de pimenta d’água com duas gotas de glicerina, ou tomar um vidro de magnésia fluida, com vinte gotas de “briônia” e dez gotas de “tintura de beladona”.
O interior não se mostrava imune aos efeitos da pandemia, de Areia Branca vinha à notícia que a gripe havia atacado a cidade. De Nova Cruz, Mario Manso, o Presidente da Intendência (cargo que atualmente equivale ao de prefeito), informava que se recuperava da gripe. Já o Intendente de Mossoró, Jerônimo Rosado, informava que 38 pessoas morreram na cidade.
As Ações do Governo
O governo estadual não se pronunciava sobre a crise. Apenas em 1º de novembro, o então governador potiguar, Ferreira Chaves, anuncia através do jornal “A Republica”, que estava “agindo para acudir a pobreza desta cidade”, organizando na Escola Frei Miguelinho uma comissão de apoio, que visava fornecer alimentação aos necessitados no bairro.
Este trabalho estava sob a direção do diretor da Inspetoria de Higiene, o Doutor Calistrato Carrilho, com a participação do professor Luís Soares, então diretor da escola “Frei Miguelinho”, do Padre Fernando Nolte, do Dr. Antônio Soares, do Tenente João Bandeira e do Senhor Laurentino de Moraes, contando com o apoio dos escoteiros. Desta comissão o governo criou então um Posto de Assistência do Alecrim, onde trabalhavam os médicos Varela Santiago e Marcio Lyra. A missão do Posto era fornecer remédios, alimentos e até mesmo querosene para iluminação.
Em meio aos carcomidos exemplares que restam dos antigos jornais natalenses na atualidade, chama a atenção um aviso publicado, pela Inspetoria de Higiene, no início de dezembro de 1918, intitulado “A Influenza Espanhola, Conselhos ao povo”, onde entre outras coisas, solicitava “evitar aglomerações, não fazer visitas, evitar toda fadiga e excesso físico”.
Um indício de como estava à situação no bairro do Alecrim é apontada pela própria comissão, que em média atendia a um número superior de 350 pessoas por dia. Escoteiros percorreram diversas ruas do bairro, para entregar alimentos e remédios nas casas dos que não tinham sequer condições de se deslocarem para o colégio “Frei Miguelinho”.
As ações então cresciam; no bairro das Rocas, as “Damas de Caridade”, grupo ligado a Igreja Católica, atuavam neste bairro no apoio principalmente às famílias dos pescadores. De barco seguiu para as Praia de Muriú, Praia de Maracajaú, Farmacêutico Floriano Pimentel, com vários medicamentos. Os cinemas Royal e Polytheama, que estavam sem exibições cinematográficas desde outubro, foram rigorosamente desinfetados.
Outra notícia, sem detalhes estatísticos ou maiores referências, da conta que o governador Ferreira Chaves buscava atender, com as mirradas condições do tesouro estadual, os inúmeros pedidos das cidades e vilas do interior para o combate a pandemia.
As Mortes
Apesar da assistência oferecida, o número de mortos crescia na cidade. Discretamente, nas notas diárias dos jornais, surgem diversas notas de falecimentos, atribuindo abertamente a gripe espanhola à causa da morte de diversas pessoas, envolvendo principalmente representantes das classes menos abastardas da cidade.
São inúmeros os informes, tais como o do funcionário da Estrada de Ferro Central, José Calazans Carneiro, que perdeu dois filhos menores de idade. Já o capitão da polícia, Abdon Trigueiro, Sargento da polícia Othoniel Trigueiro. Ou o falecimento de Alfredo Costa, serralheiro da Ferrovia Great Western, que deixou numerosa família e a comerciário da empresa A. dos Reis & Cia., Miguel Medeiros, que morreu nas dependências do Hospital Juvino Barreto e foi enterrado no cemitério do Alecrim.
Sem maiores dados é temerário afirmar se a classe mais abastarda da cidade na época, foi ou não atingida diretamente pela pandemia de gripe espanhola. Entretanto, entre os inúmeros necrológicos publicados no período temos os casos de falecimento do desembargador Vicente Lemos, ou do Comerciante Alexandre de Vasconcelos, Professor Tertuliano da Costa Pinheiro. Contudo, nos necrológicos das pessoas mais bem posicionadas socialmente, não consta à mínima referência que a causa de alguma destas mortes tenha sido atribuída à gripe espanhola.
É na tradicional mensagem ao Congresso Legislativo do estado, lida no dia 1 de novembro de 1919, que o governador Ferreira Chaves deixa transparecer que a gripe espanhola deixou marcas em todas as camadas sociais de Natal. Ele afirma que a pandemia, “mesmo não sendo tão mortífera como em outros lugares, roubou-nos muitas vidas preciosas e pesou cruelmente sobre todas as classes da sociedade”.
O Fim do Pesadelo. Ou Não?
No mês de dezembro de 1918, da mesma forma abrupta que este pesadelo chegou a Natal, ele estava deixando a nossa terra.
No dia 11 de dezembro, a Inspetoria de Higiene considerava praticamente extinta o surto de gripe espanhola em Natal.
Do interior do Rio Grande do Norte chegam notícias do declínio dos surtos de gripe espanhola em Natal. De Lajes, o Intendente Felix Teixeira informava o recuo da doença e agradecia o apoio do governador Ferreira Chaves.
Inaugurado em 9 de setembro de 1909 pelo então governador Alberto Maranhão, o Hospital de Caridade Juvino Barreto, atual Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), era a unidade de referência para atendimento hospitalar em Natal no ano de 1918.
No dia 15 de dezembro o governo decidiu encerrar as atividades do Posto de Assistência do Alecrim, o principal da cidade. Ao final houve homenagens, festas e comemorações para a Inspetoria de Higiene, aos que trabalharam e mantiveram ativo o Posto de Assistência do Alecrim e aos escoteiros, sendo todos recebidos com honras pelo mandatário estadual no palácio do governo.
Segundo informou o professor Luís Soares, em trinta dias de atividades, o Posto atendeu nada menos que 10.814 pessoas. Os escoteiros visitaram neste período 169 casas, atendendo 135 doentes que não puderam nem mesmo se deslocar para o local de assistência.
Soldados da Força Expedicionária Americana vítimas da gripe espanhola no US Army Camp Hospital no. 45 em Aox-les-Bains, França. Calcula-se que só no Brasil morreram 300.000 pessoas devido a Gripe Espanhola, ou cerca de 10% de nossa população na época. Hoje seriam algo em torno de 20 milhões de vítimas fatais.
Infelizmente os jornais da época não explicam com maiores detalhes estes dados estatísticos. Não sabemos se destas 10.814 pessoas, todas estavam doentes, ou o grau de virulência a que foram submetidos e, principalmente, em nenhuma linha é divulgado quantos morreram neste período. Em Natal se repetiu o mesmo que ocorreu em outras partes do país; as autoridades deliberadamente escamotearam os dados sobre a doença.
Para uma cidade onde a população girava em torno de 29.000 pessoas, um surto epidêmico que leva ao atendimento de 10.814, mostra a dimensão do problema que foi a gripe espanhola. Para efeito de comparação, segundo o Censo 2007, o número de habitantes de Natal neste período, equivale atualmente à cidade de João Câmara.
Se, aparentemente, o número de mortos desta pandemia em Natal e no Rio Grande do Norte não foi tão grande, qual fator teria ajudado aos potiguares em relação a outras áreas do Mundo? Seriam os ventos que sopram no litoral, ou o clima seco do sertão?
O certo é que tivemos muita sorte, pois a gripe espanhola ceifou mais de 50 milhões de pessoas em todo planeta. Proporcionalmente na história da humanidade, nada foi mais terrível que esta pandemia. Este número é superior a soma de todos os soldados mortos em combate durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do Vietnã.
O interessante desse texto é que na sua primeira publicação, nas páginas da Tribuna do Norte, ele não foi criado porque havia na época algum grande surto viral e nem imaginava que algo pudesse acontecer pelos anos seguintes. Mas em 2011, quando um vírus chamado H1N1, ou gripe A, se propagou desde o México e assustou o planeta, decidi publicar esse texto pela primeira vez no nosso TOK DE HISTÓRIA. Logo esse surto desapareceu e ouve alívio geral. Quando publiquei esse texto em 2011 eu encerrava com um questionamento “Assim percebemos que a questão não é saber se vai haver ou não outra pandemia, mas quando?”.
ados nove anos dessa publicação, eu sei a resposta!
Estamos novamente a volta de uma nova pandemia com o Coronavírus originário da China e denominado oficialmente pela Organização Mundial de Saúde como COVID-19 . Apesar do número de mortos ser pequeno o COVID-19 é extremamente virulento e está deixando o mundo em um intenso estado de alerta. Afetando primeiramente a China.
Parece que vamos conviver com esses surtos com maior frequência que imaginei !